quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Vettel e o Milagre

Boa tarde amigos,

Segue texto publicado pelo site Tazio (http://www.tazio.com.br):

Enquanto todas as atenções acerca da disputa do título mundial de 2009 estão voltadas para Jenson Button e Rubens Barrichello, Sebastian Vettel, atual terceiro colocado na tabela de pontos, parece ter sido "esquecido" como um dos postulantes à conquista do campeonato.

Além da dupla da Brawn, o alemão da Red Bull é o único homem ainda capaz de ultrapassar Button e ficar com a taça. 16 pontos atrás do líder, a missão do jovem piloto é extremamente difícil, mas o histórico dos últimos campeonatos mostra que a conquista está longe de ser impossível.

A situação da temporada de 2009 é extremamente semelhante à que a F-1 testemunhou há dois anos, na reta final do Mundial de 2007.

Duelo interno e um "azarão"

Ao longo daquele campeonato, a dupla explosiva da McLaren, formada pelo bicampeão Fernando Alonso e pelo estreante Lewis Hamilton, capitalizou todos os holofotes e despontou como a grande favorita à conquista do título.

Embora a Ferrari tenha feito um início de ano arrasador, com cinco vitórias nas nove primeiras etapas, a segunda metade daquele campeonato assistiu à ascensão plena da McLaren. Com sua regularidade impressionante, Hamilton só conseguiu sua primeira vitória na sexta etapa, no Canadá. Nesta altura, Alonso e Massa já contavam com dois triunfos, e Kimi Raikkonen, com apenas um.

Hamilton com a mão na taça

A tabela de pontos se desenhava de forma promissora para o jovem britânico: após uma vitória consagradora no GP do Japão, antepenúltima etapa da temporada de 2007, Lewis tinha impressionantes 12 pontos de vantagem para o vice-líder, Alonso.

A diferença para Raikkonen era ainda maior: incríveis 17 pontos. Tudo porque naquela etapa, o espanhol não marcou pontos e o finlandês chegou em um discreto terceiro lugar.

O título estava garantido e nem mesmo o mais cético dos fãs poderia imaginar Hamilton sem a taça. A conquista antecipada poderia vir já no GP da China, penúltima prova do ano. Mas a partir dali, tudo mudou radicalmente.

Uma virada improvável e histórica

O inabalável inglês, que havia sido preciso e quase perfeito ao longo de 15 corridas, mostrou inesperada fraqueza em Xangai. A corrida iniciou-se com pista molhada, mas logo a chuva cessou. Lewis optou por seguir na pista com pneus intermediários, embora o asfalto já estivesse praticamente seco.

Quando travava uma desnecessária luta pela liderança com Alonso, roda a roda, o piloto enfim resolveu entrar nos boxes, mas protagonizou uma cena quase vexatória: com os pneus desgastados, perdeu o controle de seu carro, seguiu reto na entrada do pit lane e atolou na caixa de brita, de onde não mais conseguiu sair. A vitória ficou com Raikkonen, seguido pelo bicampeão mundial.

A tabela de pontos mostrava 107 pontos para Lewis, 103 para Alonso e 100 para Raikkonen. Apesar de um "match point" desperdiçado, o inglês ainda era o grande favorito à conquista, especialmente após conseguir a 2ª posição no grid de largada para o GP do Brasil, etapa que encerrava o campeonato.

No entanto, após uma péssima largada, Hamilton cometeu mais um erro quase surreal ao acionar o já famoso botão "Neutral", que coloca o carro em ponto morto, e perdeu posição após posição até cair para o 12º lugar. O britânico cruzou a linha de chegada em sétimo.

Felipe Massa, que já estava fora da disputa, praticou o jogo de equipe e abriu passagem para Raikkonen conquistar sua sexta vitória no ano e assim atingir o que parecia impossível: descontar 17 pontos em 20 possíveis e chegar ao título mundial, pulando da terceira para a primeira posição e chegando a 110 pontos.

Ao inglês, restou o vice-campeonato, com os mesmos 109 pontos de Alonso, terceiro na tabela de pontos. Uma das maiores viradas de toda a história da F-1: o piloto que era dado como "carta fora do baralho" ficou com a taça.

2009: semelhança ou coincidência?

Desta vez, a tal "carta fora do baralho" é Vettel. E mais uma vez, os olhos do planeta estão voltados para um duelo interno, entre Button e Barrichello.

O alemão é o segundo piloto com mais vitórias em 2009 _são três triunfos, contra dois do brasileiro da Brawn_ e, enquanto assiste à dupla da equipe inglesa disputando pontos entre si, pode contar com a ajuda interna de Mark Webber, que passará a escoltá-lo nas últimas duas corridas, repetindo o que Massa fez por Raikkonen em 2007.

Há dois anos, o duelo interno "implodiu" a McLaren, o jogo de equipe funcionou e o azarão venceu as duas últimas etapas e ficou com o título. Estas são razões mais do que suficientes para que Vettel siga acreditando em uma conquista que parece impossível. Apenas parece.

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