Bom dia amigos,
Nesta semana, o chefão da Fórmula 1, Bernie Ecclestone confirmou o retorno do GP dos Estados Unidos ao calendário da Fórmula 1 a partir de 2012, o que era previsto, já que um mercado como o norte-americano não poderia continuar passando despercebido pelo faro do inglês.
No entanto, aqueles que, como eu, esperavam por um retorno à Indianápolis, ou até a tão falada prova nas ruas de Nova York, foram surpreendidos pelo anúncio de que a corrida será disputada na cidade texana de Austin.
E, como previu Fábio Seixas em seu blog, um dos motivos da escolha foi o fato de que a cidade não possui um circuito, deixando caminho livre para a entrada do alemão Herman Tilke criar mais uma de suas incríveis estruturas mirabolantes.
Para quem não se lembra, Tilke é o responsável pela criação dos circuitos mais recentemente aderidos à principal categoria do automobilismo mundial, como Turquia, Bahrein e Abu Dhabi, sempre com estruturas monumentais, em grande parte bancadas pelos Sheiks do Petróleo.
Pois bem, agora, definido isto, afirmo, que a realização da corrida será um fracasso imenso.
Posso estar errado? Sim.
Então, por qual motivo decreto o fracasso da prova?
Simples: o norte-americano nada sabe sobre Fórmula 1.
Alguns podem afirmar que, em tempos remotos, como na época de Nelson Piquet, Gilles Villeneuve, dentre outros, em que a categoria passava duas ou até três vezes no ano pela terra do Tio Sam, ela fazia sucesso. Porém, nesta época de ouro, as provas disputadas lá eram sempre realizadas em circuitos de rua, coisa que os norte-americanos gostam, já que gera grandes disputas, ultrapassagens e acidentes memoráveis.
Agora, pense em um circuito de Tilke. Uma mega-estrutura, normalmente voltada para os magnatas, uma pista travada, com poucos pontos de ultrapassagem. Junte isto a uma Fórmula 1 elitista como a atual, em que o espetáculo é penalizado em detrimento ao resultado final.
Pois bem, coloque isto para um americano do meio-oeste, fascinado por velocidade, mas que é, de certa forma uma pessoa simples, em um estado em grande parte "rural", e que costuma "lotar" as provas da Indy, disputadas em circuito oval, já que, como afirmou Miguel Paludo em seu início na Nascar: "O norte-americano é fascinado pela velocidade pura e pelas ultrapassagens".
Sabendo disso, voltamos à Fórmula 1, onde hoje é discutido o fato das ultrapassagens estarem minguando, dos carros apenas "passearem" na pista e, pelo lado econômico, de ser muito elitista. Imagine essas caracteristicas no Texas...
Então sabemos que, do lado do espetáculo, a coisa vai mal. Continuemos: e a promoção do evento?
Bem, Bernie, mais uma vez em sua arrogante posição de que a Fórmula 1 é superior a tudo, ignorou novamente o pensamento do povo norte-americano, que, no Texas, gosta de velocidade, mesmo que seja em circuitos capengas, rodeados de terra. Além disso, esqueceu que eles são apegados às tradições, coisa que levou à cisão da CART anos atrás.
Sendo assim, Bernie perdeu a chance de uma aproximação estratégica com Tony George, antigo chefão da Indy, e administrador do Indianapolis Motor Speedway, principal circuito dos EUA, para a promoção da categoria em território americano. Depois que a categoria caísse no gosto da população, a prova iria para qualquer lugar dentro da terra do Tio Sam.
Outro vacilo de Bernie, agora quanto à prova na "Big Apple". O nova iorquino, por ser de um centro maior, não possui os mesmos valores que o texano, tendo uma população que sofre muito mais influência européia e asiática do que o pessoal do meio-oeste, o que faz com que a categoria seja mais conhecida no local do que no resto do país, o que, por si só, traria mais interesse na prova do que trará em Austin.
Pois bem, mais uma vez a Fórmula 1 perdeu a chance de se ampliar e de montar um espetáculo, visando novamente o formato egocêntrico e elitista que vem adotando de uns tempos para cá. Porém, espero estar errado...
sexta-feira, 28 de maio de 2010
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